[publicado inicialmente no Região Sul a 17/08/2020]
Quando esta pandemia começou, com estudantes e professores em casa, pensei que a sociedade podia aproveitar a oportunidade, e tornar-se mais digital. Mas será que isso vai mesmo acontecer?
Esta pandemia veio mudar aquilo que a resiliência da comunidade escolar nunca conseguiu mudar, um novo olhar para o digital como uma ferramenta útil e de extrema importância para o ensino e para a educação.
Veio o confinamento, e num ápice todas as aulas passaram a ser digitais, aquelas aulas à distância que ninguém queria admitir ser possível de implementar. É verdade que com extrema dificuldade, os professores e as escolas não estavam preparados, os alunos e as famílias também não. O resultado não foi o melhor, mas foi o possível, com os recursos e conhecimentos existentes. E agora, aprendemos alguma coisa com o digital, ou vamos voltar a tudo como estava antes?
Quando se diz que o ensino foi reinventado, é preciso perceber se o novo modelo de ensinar e aprender foi assimilado, ou se foi apenas uma passagem.
Não havia formação, de parte a parte, muito teve de ser aprendido rapidamente. Curioso foi ver, que a mesma escola que durante décadas lutou contra o desenvolvimento tecnológico, até por vezes empurrando os projetos apresentados para dentro de uma qualquer gaveta, foi aquela, que de um momento para o outro, teve de se reorganizar para permitir um fim de ano letivo, da forma possível.
Se é verdade que os jovens estudantes nasceram com a tecnologia, os tais nativos digitais, ou millennais, também o é que nem todos estavam, ou estão com os mesmos recursos disponíveis. A geração Z, os nascidos entre 1995 e 2010, todos mostraram não estar preparados para as mudanças.
As inúmeras campanhas, os inúmeros esforços institucionais, para colmatar as falhas da sociedade, não foram suficientes, e isso viu-se no dia a dia de muitas comunidades escolares. Faltou, e vai continuar a falta, a tal equidade no acesso aos meios digitais.
A resiliência à mudança, o medo do desconhecido, a dificuldade de alguns em dominarem os recursos digitais, foram alguns dos pontos que, durante anos impediram o acesso ao ensino tecnológico, aos tais dispositivos que tinham ajudado nesta pandemia. Pode-se dizer que a utilização de dispositivos digitais e/ou móveis, ainda hoje são proibidos nas escolas, mas já está na altura que os regulamentos internos sejam atualizados.
Esta dura realidade não deve afastar a comunidade escolar, e as escolas em particular, do que é importante, mas sim que olhem como uma oportunidade de algo maior.
Está na altura de termos alterações sérias, chegou a hora do digital, da gamificação e de uma verdadeira inovação tecnológica no ensino.
Não esquecer, que tempos únicos, merecem atitudes únicas